Erros Médicos no Brasil: Um Aumento Alarmante de 506% em 2024

 

Erros médicos no Brasil crescem 506% em 2024, diz CNJ.

O Brasil enfrenta uma crise preocupante no setor da saúde: os processos por erro médico cresceram 506% em apenas um ano, conforme revela um levantamento divulgado pelo Metrópoles em 10 de março de 2025. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o número de ações judiciais saltou de 12.268 em 2023 para impressionantes 74.358 em 2024. Esses números, que equivalem a uma média de 203 processos por dia, acendem um alerta sobre a qualidade dos cuidados médicos prestados no país e os danos sofridos por pacientes. Mas o que está por trás desse aumento vertiginoso? E como diferenciar erro médico de iatrogenia nesse contexto? Vamos analisar os detalhes da reportagem, os números, as fontes e as razões apontadas para essa escalada.


Os Números que Impressionam

De acordo com o Metrópoles, que baseia sua reportagem nos dados oficiais do CNJ, o crescimento de 506% reflete uma explosão nas demandas judiciais relacionadas a falhas na assistência à saúde. Em 2024, o sistema público de saúde registrou 10.881 ações por danos morais e 5.854 por danos materiais. Já no setor privado, os números são ainda mais expressivos: 40.851 processos por danos morais e 16.772 por danos materiais. Esses valores mostram que a saúde privada concentrou a maior parte das reclamações, quase triplicando os casos do sistema público. A média diária de 203 processos evidencia a gravidade da situação, sugerindo que, a cada dia, mais pacientes ou seus familiares buscam reparação na Justiça por prejuízos sofridos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), citada na reportagem, oferece um panorama global que contextualiza o problema brasileiro. Estima-se que 1 em cada 10 pacientes no mundo seja vítima de cuidados inseguros, resultando em cerca de 3 milhões de mortes anuais. No Brasil, um dado histórico do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), mencionado pelo Metrópoles, reforça a seriedade do quadro: em 2017, seis mortes por hora foram atribuídas a erros médicos em hospitais públicos e privados. Embora o foco da reportagem esteja em 2024, esses números do passado ajudam a entender que o problema não é novo, mas parece estar se agravando.


Erro Médico x Iatrogenia: Entenda a Diferença

Para compreender os dados, é essencial distinguir dois conceitos frequentemente confundidos: erro médico e iatrogenia. O erro médico, conforme explicado na reportagem, ocorre quando há uma falha na conduta do profissional de saúde – seja por negligência (omissão de ação necessária), imprudência (ação precipitada e arriscada) ou imperícia (falta de habilidade técnica) – que resulta em dano ao paciente. Um exemplo clássico citado é o de um médico que, diante de sintomas graves, não solicita exames indispensáveis, comprometendo o diagnóstico.

Já a iatrogenia abrange um espectro mais amplo: refere-se a qualquer efeito adverso causado por uma intervenção médica, independentemente de haver erro. Isso inclui reações a medicamentos corretamente prescritos, complicações inevitáveis de cirurgias ou até mesmo danos psicológicos decorrentes de tratamentos. Enquanto o erro médico exige a comprovação de uma falha evitável, a iatrogenia pode ocorrer mesmo em procedimentos bem executados. Essa diferenciação é crucial, pois nem todo processo judicial por dano na saúde implica erro médico – alguns podem estar relacionados a iatrogenias inevitáveis, mas que ainda assim geram litígios.


Razões Apontadas para o Aumento dos Casos

A reportagem do Metrópoles destaca múltiplas razões para o salto nos processos por erro médico em 2024. Uma delas é a maior conscientização dos pacientes sobre seus direitos. Com acesso facilitado à informação e ao sistema judiciário, mais pessoas estão dispostas a buscar reparação por danos sofridos, sejam eles morais (como sofrimento psicológico) ou materiais (como custos adicionais com tratamentos corretivos). Esse movimento reflete uma mudança cultural: os pacientes não aceitam mais passivamente falhas no atendimento.

Outro fator apontado é a queda na qualidade dos cuidados médicos. Embora o texto não detalhe causas específicas, como falta de infraestrutura ou sobrecarga de profissionais, o aumento exponencial sugere problemas sistêmicos. A OMS reforça essa ideia ao listar erros de medicação, falhas cirúrgicas, diagnósticos equivocados e infecções hospitalares como principais contribuintes para os 3 milhões de mortes anuais por cuidados inseguros no mundo. No Brasil, a combinação de alta demanda por serviços de saúde com possíveis deficiências na formação e supervisão de profissionais pode estar ampliando o risco de negligência, imprudência e imperícia.

A complexidade dos processos judiciais também é mencionada. Segundo o advogado Elton Fernandes, citado na reportagem, ações por erro médico exigem provas robustas, como prontuários e laudos periciais, além do suporte de assistentes técnicos. Isso indica que o aumento nos casos pode estar ligado a uma maior capacidade dos pacientes de reunir evidências e acessar apoio jurídico especializado, algo que talvez não ocorresse com tanta frequência em anos anteriores.


O Que Isso Significa para o Futuro?

O crescimento de 506% nos processos por erro médico em 2024 não é apenas um número – é um sinal de alerta para o sistema de saúde brasileiro. A reportagem do Metrópoles sugere que a solução passa por revisar protocolos de atendimento, investir na capacitação de profissionais e melhorar a comunicação com os pacientes. Sem essas mudanças, o ciclo de falhas, danos e litígios tende a se perpetuar, afetando a confiança na medicina e sobrecarregando o Judiciário.

Para pacientes e familiares, entender a diferença entre erro médico e iatrogenia pode ser o primeiro passo para lidar com situações adversas. Enquanto a iatrogenia muitas vezes é um risco inerente ao tratamento, o erro médico é uma falha que, em tese, poderia ser evitada. Identificar essa distinção pode fazer toda a diferença na hora de buscar justiça ou reparação.



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